ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: AO045

Oral (Tema Livre)


AO045

Treinamento auditivo formal em pacientes com distúrbio de leitura e escrita e desordem no processamento auditivo.

Autores:
PRESTES, R.1,1, BARBIERI, R.R.1,1, LOILA-BARREIRO, C.M.1,1, PEREIRA, T.1,1
1 ATEAL - Associação Terapêutica de Estimulação Auditiva e de Linguage

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: O distúrbio de leitura e escrita caracteriza-se por dificuldades na aquisição e no desenvolvimento da linguagem escrita por indivíduos com déficits de decodificação fonológica e de compreensão da linguagem oral/escrita. As queixas podem estar associadas a alterações de processamento auditivo devido ao atraso na maturação das habilidades auditivas, fundamentais para o processo de aprendizagem. Uma das formas de intervenção terapêutica que lida com as alterações do processamento auditivo é o treinamento auditivo formal, cujo objetivo é melhorar as habilidades auditivas alteradas, bem como a resolução dos sinais acústicos. A avaliação eletrofisiológica dos processos cognitivos pode ser medida por intermédio do potencial evocado auditivo de longa latência (P300), que gera informações sobre a função cognitiva auditiva relacionada aos aspectos de atenção, memória e discriminação auditiva. O P300 tem se mostrado uma forma rápida e objetiva de se medir a evolução terapêutica fonoaudiológica, por meio de suas medidas de latência e amplitude. Objetivo: Verificar a eficácia do treinamento auditivo formal em indivíduos com distúrbio de leitura e escrita e desordem no processamento auditivo. Metodologia: Participaram da pesquisa quatro crianças de nove a 11 anos de idade, de ambos os gêneros, com distúrbio de leitura e escrita e que nunca realizaram fonoterapia, sendo selecionadas a partir da avaliação fonoaudiológica e do processamento auditivo. Anteriormente e posteriormente ao programa de treinamento auditivo foi realizado o registro da onda P300 e analisadas as medidas de latência e amplitude, cujos parâmetros foram: estímulo acústico toneburst apresentado de forma binaural com fones de inserção 3A na intensidade de 80 dBNA, frequência de 1kHz para o estímulo frequente (80% das apresentações) e de 2kHz para o estímulo raro (20% das apresentações). Os estímulos foram apresentados numa taxa de 1.1 Hz na polaridade alternada, com um total de 300 estímulos para o registro de cada traçado. Os eletrodos foram fixados no sistema 10-20, filtros 1-30Hz e janela de 600ms. A onda P3 foi analisada no traçado do estímulo raro. Também foi realizada, pré e pós treinamento auditivo, a avaliação da consciência fonológica por meio do protocolo Perfil de Habilidades Fonológicas (PHF), que classifica quantitativamente o desempenho da criança em tais habilidades de acordo com a faixa etária. Resultados: Após o treinamento auditivo, observou-se melhora e normalização de todas as habilidades auditivas em todos os sujeitos. No P300 houve aumento da amplitude em 75% (três sujeitos) e diminuição em 25% (um sujeito), além de diminuição da latência em 75% (três sujeitos) e aumento em 25% (um sujeito) da amostra. Quanto à consciência fonológica, verificou-se melhora da pontuação do PHF em todos os sujeitos. Desses, dois sujeitos atingiram a normalidade para a idade e os outros dois obtiveram melhores escores, porém ainda sem atingir a classificação considerada adequada. Conclusão: Após o programa de treinamento auditivo formal todos os sujeitos apresentaram melhora nas habilidades auditivas e fonológicas, assim como observado no P300, evidenciando a plasticidade neural desses indivíduos.

Palavras-chave:
 treinamento, auditivo, crianças, leitura, escrita